Por favor, cuide da mamãe: A solitária tarefa de ser mãe
2021 Korean Literature Review Contest
by Júlia Silveira Castoldi , on September 14, 2022
- Portuguese(Português)
- Korean(한국어)
BRAZIL
Por favor, cuide da mamãe é um romance da aclamada escritora sul- coreana Kyung-sook Shin, publicado originalmente em 2008, tendo sido traduzido para a língua portuguesa, em 2012, por Flávia Rössler e lançado no Brasil pela Editora Intrínseca. Shin, nascida em 1963 em uma vila rural próxima a Jeongeup, publicou sua primeira novela aos 22 anos e, atualmente, tem 17 trabalhos publicados, entre eles romances, coletâneas de contos e obras de não- ficção. Além de escritora, Kyung-sook Shin também é professora visitante da Universidade de Columbia, em Nova York.
O livro Por favor, cuide da mamãe narra o desaparecimento da idosa Park So-nyo na enorme Seul e dos esforços de seus quatro filhos para encontrá-la, sendo a busca intercalada por lembranças de diferentes épocas da vida de cada um. É uma história permeada de arrependimentos e que apresenta uma série de pequenas negligências que resultam em um final trágico. A obra, dividida entre quatro capítulos e um epílogo, não é narrada em ordem cronológica e chama atenção pela presença de alguns trechos narrados na terceira pessoa do singular com o uso do pronome de tratamento “você”, o que coloca o leitor na pele dos personagens. Além disso, o foco da narração alterna entre vários personagens no decorrer dos capítulos.
Logo no primeiro capítulo, o leitor se vê na posição de Chi-hon, a terceira dos cinco filhos de Park So-nyo, enquanto ela esboça um panfleto comunicando o desaparecimento da mãe, acompanhada de seu pai e irmãos. Chi-hon é uma escritora de cerca de 30 anos, que passa grande parte do tempo viajando, seja a trabalho ou lazer, e que só soube do desaparecimento da mãe quatro dias após o ocorrido. O incidente aconteceu quando Park So-nyo e o marido viajaram a Seul para comemorar seus aniversários, que eram celebrados juntos por terem apenas um mês de diferença. A celebração sempre era feita com uma janta com os filhos; no entanto, dessa vez, nenhum dos filhos foi buscar os pais na estação de metrô. Rodeado por uma grande quantidade de pessoas, o marido de So- nyo, que sempre foi acostumado a andar à sua frente em passos rápidos, acaba entrando no metrô sem ela, que fica para trás e se perde no meio da multidão. Depois disso, ela não foi mais vista.
Por meio das lembranças da escritora, descobrimos que ela e seus irmãos foram criados em um pequeno vilarejo rural e, posteriormente, foram mudando- se para Seul, abandonando não somente sua aldeia, mas também seus pais. Chi-hon é teimosa e emotiva desde criança, e com o passar do tempo sua relação com Park So-nyo, que é chamada de “mamãe” ao longo da história, se deteriorou cada vez mais, visto que a filha a tratava com indiferença e, não raramente, suas ligações terminavam em discussões. Apesar disso, dentre seus irmãos, Chi-hon é a mais determinada a encontrar sua mãe. Ela passa a se sentir
mal pela forma como todos a negligenciaram e se arrepende constantemente da forma como costumava tratá-la.
Já no segundo capítulo, dessa vez narrado normalmente em terceira pessoa, o foco passa para o filho mais velho, Hyong-chol, que é diretor de marketing em uma construtora de prédios. Apesar de amar incondicionalmente todos os filhos, mamãe nutria um carinho especial pelo primogênito: ele sempre foi dedicado aos estudos, com a promessa de tornar-se promotor, embora nunca a tenha cumprido. Hyong-chol foi o primeiro filho a mudar-se para Seul, onde passou a morar em um centro comunitário e trabalhar no serviço público. Ele se recorda de quando precisava urgentemente do diploma de conclusão de ensino médio para efetuar a matrícula em um curso de direito e, por isso, mandou uma carta ao pai pedindo que levasse uma cópia do diploma ao terminal rodoviário e pedisse a alguém para a levar para Seul. No entanto, o que aconteceu foi que, na noite do mesmo dia, sua mãe apareceu no centro comunitário após ter andado de trem pela primeira vez para garantir que o diploma chegaria às mãos de Hyong-chol, entregando-o ela mesma.
Apesar de ter sido muito próximo da mãe na infância e juventude, Hyong- Chol passou a deixá-la em segundo plano quando adulto. Era ele o encarregado de buscar a mamãe na estação de metrô, mas por estar estressado com o trabalho foi a uma sauna em vez disso, acreditando que o pai conseguiria encontrar o caminho. Ele custou a acreditar que sua mãe realmente tinha desaparecido, só entendendo a gravidade da situação semanas depois do ocorrido.
O terceiro capítulo, por sua vez, é centrado no marido de Park So-nyo, cujo nome não é revelado. O homem alcoólatra sempre tratou a esposa com rispidez, a censurando e ignorando. Ele a via simplesmente como a mãe de seus filhos e, quando mais jovem, passava grandes períodos longe de casa. Um ponto importante da história é o analfabetismo de Park So-nyo: ela se envergonhava por não ser “instruída”, por isso considerava seu marido e até mesmo os filhos superiores a ela. Quando seus filhos moravam com ela, pedia à Chi-hon que lesse as cartas que Hyong-Chol enviava. Já quando idosa, mamãe pedia em segredo que uma voluntária do orfanato onde fazia caridade lesse os livros de Chi-hon para ela, com a desculpa de que não enxergava bem, e sem revelar que a autora dos livros era a própria filha. Tamanha era a vergonha que So-nyo tinha de ser analfabeta que seus filhos só se deram conta de que ela nunca aprendera a ler quando já estavam adultos.
Conforme a história avança, mais os personagens redescobrem mamãe: a figura inabalável, e até mesmo ingênua em certos aspectos, na verdade também era uma pessoa com vida própria, a qual abdicou de suas próprias vontades e sonhos para criá-los. Vários questionamentos começam a surgir: será que mamãe gostava de cozinhar o tempo todo para uma família numerosa? Ela encontrava felicidade em passar o dia trabalhando nos campos e arrozais? No entanto, as incertezas quanto ao estado de Park So-nyo tomam um rumo cada vez mais obscuro quando os filhos e o marido descobrem os numerosos problemas de saúde que flagelavam So-nyo, como dores de cabeça repentinas e insuportáveis, lapsos de memória e até mesmo um derrame que mamãe teve anos antes e nunca havia falado sobre ele. Dessa forma, a figura maternal impecável vai se desconstruindo cada vez mais até revelar a realidade extenuada, sôfrega e deprimida, escondida na sombra da mamãe, que fazia tudo
o que estava ao seu alcance sem medir esforços pelos filhos, mas pouquíssimo recebia em troca.
Afinal, quemé mamãe? Partindo das memórias expostas pelos personagens, descobrimos que Park So-nyo é uma mulher de olhar ingênuo e gentil, de força descomunal, no entanto incapaz de fazer mal a qualquer ser vivo, e sempre pronta para ajudar a quem precisasse, colocando a si mesma em segundo plano. De origem humilde, foi forçada a casar-se aos 17 anos, pois naquela época, durante o cessar-fogo entre o comando das Nações Unidas e o comando comunista em Panmunjom, soldados norte-coreanos deixavam seus esconderijos nas montanhas para saquear as aldeias e circulava o boato de que eles sequestravam mulheres jovens. Foi uma mulher de muitos talentos, capaz de criar todo tipo de animal e tudo o que tocava tornava-se fértil, crescia e dava frutos. Apesar de levar uma vida árdua, encontrava felicidade ao ver os filhos crescendo e ao ser capaz de alimentá-los, apesar de a comida ser, por vezes, escassa. Quando visitava os filhos já adultos, chegava carregada de embrulhos e equilibrando trouxas na cabeça, trazendo todo tipo de comida e mantimentos.
No decorrer das buscas pela mãe desaparecida, algumas pessoas entram em contato com os filhos, alegando ter visto uma senhora que se encaixava na descrição de So-nyo: uma idosa desorientada que usava vestes azuis de verão. Além disso, vários relataram também que essa senhora estaria usando sandálias que feriam um de seus pés, ocasionando um ferimento muito severo, no qual era quase possível ver o osso. No entanto, os filhos nunca conseguiam chegar a tempo de encontrar a suposta senhora e, com o passar das semanas, eles deixaram de receber ligações.
O quarto capítulo mostrou-se como o mais enigmático. Ele começa narrando sobre Yun, a quarta filha, do ponto de vista da própria mamãe, que a visita em forma de pássaro, dando a entender que não está mais viva. Yun, mãe de três filhos pequenos, é a filha que tinha a melhor relação com a mãe; entretanto, não pôde auxiliar na busca por estar atarefada com suas crianças. Em seguida, mamãe passa a narrar brevemente sobre Eun-gyu, um amigo que ela mantinha em segredo e a quem pedia ajuda nos seus momentos de maiores dificuldades. Depois disso, é como se mamãe visitasse sua casa, pois ela fala dos cômodos e de alguns objetos que lá estavam guardados, além de também comentar sobre seu marido e irmã. Então, revela que quando se perdeu em Seul, só conseguia se lembrar das memórias de quando tinha três anos de idade, por isso vagou pela cidade sem norte. Encerrando o capítulo, fica entendido que mamãe deixa definitivamente esse mundo para poder, enfim, descansar: ela encontra sua mãe, que a toma em seus braços.
O epílogo, que se assemelha ao primeiro capítulo por colocar, mais uma vez, o leitor na pele de Chi-hon, conta sobre como a escritora, depois de meses de busca, viaja a Roma com seu namorado. Durante uma visita ao Vaticano, ao admirar a Pietá de Michelangelo, Chi-hon suplica à Mãe de Jesus que, por favor, cuide da mamãe. E com esse pedido sôfrego, desesperado, o livro se encerra. A carga emocional contida nessa fala aparentemente simples é excruciante: ao deixar mamãe sob os cuidados da Mãe de Jesus, Chi-hon, a filha que mais lutou para encontrar a mãe e que insistiu o tempo todo para que seus irmãos continuassem a procurando incessantemente, aceita que mamãe já não poderá mais ser encontrada com vida. Trata-se de engolir amargamente o fato de que sua mãe partiu sem ter a chance de receber um retorno ao nível dos cruciantes sacrifícios aos quais dedicou sua vida inteira.
Também há certo simbolismo na presença dessa estátua na história: é possível traçar um paralelo entre a Pietá e a cena que Park So-nyo, a mamãe, vê quando padece. Assim como a Virgem Maria, com olhar pesaroso e cheio de dor, segura o corpo sem vida de seu filho, So-nyo vê o rosto inundado de tristeza de sua mãe, que livra seu pé da sandália que a mutilava, e a carrega em seus braços.
Como considerações finais, vale citar que a obra chama atenção por nem todos os personagens terem nome e, apesar de o final ser emocionante, ele deixa algumas questões em aberto: o leitor fica curioso para saber qual foi o paradeiro de Park So-nyo em seus momentos finais e se algum dia seus filhos a encontrariam. É uma história sobretudo angustiante, pois percebe-se que detalhes muito pequenos desatam um fim catastrófico: o suplício de Park So-nyo poderia ter sido facilmente evitado se seu marido a acompanhasse apropriadamente na estação, ou se seu filho tivesse ido buscá-la ao invés de visitar uma sauna, ou se alguém tivesse dado a devida atenção aos problemas de saúde da mamãe antes que eles evoluíssem a um estado tão crítico. A lição do livro é clara: embora a função de “mãe” pareça tão natural e até mesmo inerente aos filhos, ela é desempenhada por meio de inúmeros sacrifícios que muitas vezes se mantêm ignotos, seja por indiferença dos filhos ou por força de vontade da mãe que, como pilar da família, não se coloca na posição de alguém que possa ter fraquezas ou precisar de cuidados.
Eu acredito que Por favor, cuide da mamãe é uma excelente obra, justamente por combater a ideia romantizada da maternidade, e recomendo tanto para mães quanto para filhos a partir da adolescência. Além da grande lição de moral, por meio do livro também é possível entrar em contato com elementos próprios da cultura coreana, como tradições, superstições e rituais. A linguagem utilizada facilita o entendimento e mesmo pessoas que desconhecem a cultura coreana podem deleitar-se com a obra. Apesar de que as trocas de foco narrativo e o uso do pronome de tratamento “você” para se referir a certos personagens narrados na terceira pessoa do singular possam confundir o leitor a princípio, uma vez que esse se acostuma com a abordagem utilizada é possível desfrutar da sensibilidade poderosa que esse tipo peculiar de narração possibilita. Eu acredito que todas as mães carregam consigo um pouquinho de Park So-nyo, e duvido que haja algum filho que nunca foi ingrato com a mãe, mesmo que sem perceber. É uma história infeliz, mas profundamente tocante e indubitavelmente admirável.
『엄마를 부탁해』는 2008년에 출간된 한국의 유명 작가 신경숙의 작품이다. 2012년 Flávia Rössler 에 의해 포르투갈어로 번역되었고, Editora Intrínseca에 의해 브라질에서 출판되었다. 1963년 정 읍 인근 시골에서 태어난 작가는 22세에 첫 소설을 출간했으며 현재까지 소설, 단편집, 논픽션 등 17편의 작품을 발표했다. 신경숙 작가는 작가 외에 뉴욕 컬럼비아대학교 객원교수이기도 하다.
『엄마를 부탁해』는 서울의 대도시에서 길을 잃은 어머니와 그녀의 네 명의 아이들이 그녀를 필사 적으로 찾는 이야기이다. 그들은 그녀를 찾는 동안 여러 기억을 떠올린다. 후회로 가득 찬 이야기는 비극적인 결말을 초래하는 과실로 끝이 난다. 이 작품은 다층적 담화를 형성하는 복수의 화자와 수 화자 기법을 십분 활용하고 있다. 에필로그를 포함하여 총 4장으로, 한 장에서는 ‘너’라는 2인칭을 사용하며, 화자가 마치 독자인 내 앞에서 말하고 있다는 착각을 하게 된다. 특히 주목할 만한 것은 전체, 다섯 개의 장에서 여러 인칭으로 기술한다는 점이다.
1장은 ‘너’라는 2인칭을 사용하며, 독자는 박소녀의 다섯 자녀 중 셋째인 치혼이 되어 아버지와 형 제들과 함께 어머니의 실종 소식을 전하는 팸플릿을 작성한다. 일이나 여가를 위해 대부분 여행을 하며 보낸 30대 작가 치혼은 어머니의 실종 소식을 4일 만에 알게 된다. 실종사건은 박소녀와 남편이 한 달 차이밖에 나지 않는 자신들의 생일을 함께 축하하기 위해 서울로 여행 갔을 때 일어난다. 보통 자녀들과 저녁 식사를 했는데, 이번에는 누구도 지하철역에 부모님을 모시고 오지 않았다. 많 은 인파에 둘러싸여 늘 빠른 걸음으로 앞서가던 소녀의 남편은 그녀 없이 지하철에 타게 된다. 그 후, 그는 그녀를 다시 볼 수 없었다.
딸의 기억으로부터 우리는 그녀와 그녀의 형제들이 모두 작은 마을에서 자랐고, 후에 그들은 모두 그녀의 부모님을 남겨두고 서울로 이사했다는 것을 알게 되었다. 딸은 항상 감정적이고 고집이 센 편이었다. 그녀는 어머니를 엄마라고 부르며, 감정 기복이 심해 모든 대화가 거의 싸움으로 끝나곤 했다. 그럼에도 불구하고 치혼은 남매 중 가장 간절히 엄마를 찾길 원했다. 가족 모두가 어머니에게 잘 해주지 못한 것에 대해 마음 아파했다.
2장은 3인칭으로 기술되며, 시점은 건설 회사의 마케팅 이사인 장남 형철이다. 박소녀는 자녀 모두 를 절대적으로 사랑했지만, 맏아들에게는 특별한 애정을 가졌다. 형철은 항상 공부에 전념했고 검사 가 되겠다는 약속을 했지만, 끝내 이루지 못했다. 형철은 서울로 올라가 고시원에서 살면서 공무원 으로 일했다. 그는 법학과에 입학하기 위해 고등학교 졸업장이 급히 필요했는데 아버지에게 졸업장 사본을 버스터미널에 가지고 가서 서울에 보내 달라고 편지를 보냈다. 그런데 그날 저녁, 어머니가 처음으로 기차를 타고 고시원에 나타나 졸업장을 아들 손에 꼭 쥐어 주셨다.
형철은 어린 시절엔 어머니와 매우 가까웠지만, 성인이 되면서 어머니와 점점 멀어지기 시작했다. 지하철역에 어머니를 모시로 나가야 하는 날, 일 때문에 스트레스를 받아 찜질방으로 가버리고 아 버지와 잘 알아서 찾아오겠지 생각했다. 그는 몇 주 후에야 상황의 심각성을 이해하면서 믿기 힘들 지만, 어머니가 정말로 사라졌다는 것을 깨달았다.
한편, 3장의 시점은 어머니 박소녀의 남편으로 설정되어 있다. 물론 이야기 안에서는 화자인 ‘나’ 의 정체가 누구인지 구체적으로 명시되어 있지는 않다. 술에 취한 남자는 항상 아내를 가혹하게 대 했고, 그녀를 질책하고 무시했다. 그는 단순히 그녀를 아이들의 어머니일 뿐이라고 생각하고, 그가 젊었을 때는 집을 자주 나가곤 했다. 여기서 중요한 점은 박소녀가 문맹이라는 것이다. 그녀는 ‘공 부’를 하지 못한 자신을 부끄러워하며, 남편과 아이들 모두가 자신보다 우월하다고 생각했다. 자녀 들이 그녀와 함께 살 때 그녀는 치혼에게 형철이가 보낸 편지를 읽어달라고 부탁하곤 했다. 노년의 그녀는 고아원에서 자원봉사로 활동할 때 잘 보이지 않는다는 핑계를 대며 다른 자원봉사자에게 치혼의 책을 읽어달라고 부탁하곤 했다. 물론 저자가 친딸이라는 사실을 밝히지 않았다. 소녀는 자신 이 문명이라는 것이 너무 부끄러웠고, 자녀들은 어른이 되어서야 이 사실을 알게 되었다.
이야기가 진행될수록 등장인물들은 엄마를 재발견하게 된다. 평생 흔들리지 않는 존재였지만, 동 시에 순진한 모습을 보이기도 한다. 사실 그녀는 자신의 의지와 꿈을 포기하고 자식에게 모든 것을 바친 사람이다. 그런데 궁금한 점이 있다. 엄마는 이 많은 가족을 위해 항상 요리해야 했던 점이 좋 았을까? 들판과 논에서 일하며 하루하루를 보냈는데, 행복했을까?
박소녀의 건강 상태에 대한 불확실성에 남편과 자녀들이 걱정하는데, 사실 그녀는 수년 전부터 앓 았던 극심한 두통, 기억력 감퇴가 뇌졸증과 같은 수많은 건강 문제와 연관 있다는 것을 최근에 알면 서 점점 더 우울해 한다. 그러나 어머니는 단 한 번도 누구에게 이러한 문제들을 말하지 않았다. 이를 통해 흠잡을 데 없는 어머니의 진짜 모습을 발견하게 된다. 가면 뒤에 숨겨진 모습은 지치고, 욕심 없 는, 의기소침한 어머니를 발견한다. 그녀는 자식을 위해 최선을 다했지만, 희생 끝에 보상은 없었다. 결국, 엄마는 누구인가? 등장인물의 기억 속에서 만날 수 있는 박소녀는 순진하고 온화한 눈빛을 가진 사람이었으며, 강하지만 인정 많은 분으로 소개된다. 도움이 필요한 사람을 보면 그냥 지나치 지 못하는 성격으로, 자신보다 남을 먼저 챙기는 분이었다. 형편이 어려운 가정에서 태어나 17세의 꽃다운 나이에 강제 결혼을 하게 되었는데, 이유는 당시 유엔과 판문점 공산군 사령부 휴전 당시 북 한 병사들이 산간 은신처를 떠나 마을을 약탈했다는 소문이 있었기 때문이었고, 젊은 여성들을 납 치하였다고 한다.
그녀는 생활력이 강한 여성이었다. 어떤 동물이든 잘 기를 수 있었고, 그녀의 손길만 닿으면 모든 것이 잘 자라고, 열매를 맺었다는 것이다. 힘든 삶을 살았지만 때때로 식량이 부족할 때도 아이들이 잘 먹고, 잘 자라는 모습을 보며 흐뭇해하며 행복했다. 다 큰 자녀들을 보러 갈 때마다 온갖 음식과 식료품을 머리에 얹히고 갔다.
실종된 어머니를 찾는 과정에서 어머니를 목격했다는 사람들이 연락이 오긴 했으며, 정신없어 보 이며, 파란 여름 옷차림을 하고 길거리를 헤매고 다니는 노인을 봤다고 한다. 또 그녀가 샌들을 신고 한쪽 발을 다쳐 뼈가 거의 보일 정도로 심한 상처를 입었다는 목격담도 있었다. 그러나 자녀들은 그 녀를 결국 만나지 못했고, 몇 주가 지나면서 그런 전화조차 더는 오지 않았다.
네 번째 장이 정말 인상적이었다. 4장은 1인칭 화자로 서술되며 화자의 시점은 어머니 박소녀 자신의 시각인데, 막내딸이 수화자로 등장한다. 여기서 어머니가 새의 모습으로 딸에게 나타나 자신 은 이미 세상을 떠났다고 한다. 세 아이의 엄마인 윤이는 어머니와 가장 가까웠던 딸이다. 하지만 아이들을 돌봐야 해서 어머니를 찾으러 가지 못했다. 이후, 엄마가 평생 의지하며 살았던 정인 이은 규의 등장으로 극명하게 보여준다. 이제 1인칭 화자로 등장한 엄마는 자신이 관계를 맺었던 중요한 인물들을 차례대로 방문한 다음 남편과 언니에 대해 몇 마디를 남긴다. 이어서 그녀가 서울에서 길 을 잃었을 때 세 살 때의 기억밖에 떠오르지 않아 길을 헤맸다고 한다. 마지막으로 자신이 태어난 공 간, 친정어머니가 계신 어릴 때의 집으로 돌아와 엄마의 품에 안긴다. 이미 자신은 이 세상 사람이 아니라는 것을 의미하는 것 같다.
에필로그는 1장과 똑같은 인칭-화자-수화자-시점으로 서술되며, 엄마를 소재로 한 작품을 끝낸 막내딸은 남자친구와 로마로 여행을 떠나며 엄마에 대한 시각이 어떻게 바뀌었는지, 기억들이 어떻 게 치유되었는지를 이야기하는 식으로 전개된다. 바티칸을 방문한 치혼은 미켈란젤로의 「피에타」 를 감상하며 마리아에게 엄마를 부탁한다고, 돌봐달라고 애원하는 간절하고 가슴 아린 장면으로 이 야기는 끝이 난다. 단순해 보이는 이 한 줄에 담긴 감정은 참혹하다. 어머니를 찾기 위해 가장 많은 애를 썼으며, 형제들에게 끝까지 찾아야 한다고 했던 딸이 어머니가 더는 살아 있지 않다는 사실을 받아들이는 장면이다. 잔혹한 희생에 평생을 바친 대가를 받을 기회도 없이 떠나버린 어머니, 이 사 실을 씁쓸하게 받아들이는 내용이다.
여기서 등장하는 동상의 존재에는 어떤 상징적인 의미가 있는 것 같다. 「피에타」와 박소녀의 고통 이 유사하다는 점이다. 마리아가 슬픔에 가득 찬 눈빛으로 죽은 아이를 안고 있는 것처럼, 소녀는 불 편한 샌들을 벗고, 그녀를 품에 안고 가는 소녀의 어머니의 슬픈 얼굴을 바라본다. 마지막으로, 모 든 등장인물들의 이름을 알 수 없다는 점에서 이 작품이 주목을 받고 있다는 점을 언급해야 할 것 같 다, 또한 결말이 흥미롭긴 하지만 몇 가지 의문을 남긴다. 독자는 박소녀가 어디에서 이 세상을 떠났 는지 궁금해하게 된다. 그리고 과연 자녀들이 소녀를 찾았는지…. 아주 사소한 문제가 끔찍한 결말 을 초래할 수 있다는 점이 참혹하다. 남편이 역에서 잘 챙겼더라면, 혹은 자녀들이 데리러 왔더라면 이런 결말을 피할 수 있었을 것이다. 찜질방에 가지 말고 아들이 엄마를 챙겼더라면, 남편이 아내가 아픈지, 불편한 데는 있는지를 잘 살폈더라면, 가족 모두가 어머니에 관심과 배려를 조금만 했더라 면 이런 결말이 나오지 않았을 것이다. 이 작품의 교훈은 분명하다. 우리 사회는 ‘어머니’의 역할에 너무도 당연히 어머니가 우리를 위해 희생하는 것을 종종 무시한다. 아마도 어머니의 희생에 무관 심하기 때문일 수도 있고, 한 가족의 기둥으로서 자신의 약점을 숨기고 싶거나, 자식에게 짐이 되기 싫어하는 어머니의 속내일 수도 있다.
나는 『엄마를 부탁해』가 낭만적인 모성에 대한 관념과 맞서 싸우는 훌륭한 작품이라고 생각하며, 모두에게 추천한다. 위대한 교훈 외에도 이 작품을 통해 한국의 전통적인 부분이나, 미신, 의례와 같은 한국 문화를 잘 소개하고 있다. 이해하기 쉬운 표현이나 단어를 구사해 한국 문화에 익숙하지 않은 사람들도 작품을 즐길 수 있다. 작품이 다층적 담화를 형성하는 복수의 화자와 수화자 기법을 십분 활용하고 있다는 점에서 특별하기도 하다. 예를 들어 ‘너’라는 2인칭을 사용하는 장이 조금은 어색하거나 매우 낯설게 느껴질 수 있다, 다만 이에 적응하게 되면 매우 다른 느낌으로 다가오면서 자신에게 속삭이는 것처럼 느껴질 수도 있다. 이 세상 모든 어머니가 아마 박소녀와 닮은 점이 있지 않을까 생각한다, 어머니를 섭섭하게 안 한 자식은 한 사람도 없지 않을까? 안타깝지만 감동적이고, 감탄할 수밖에 없는 작품이다.
Keyword : Por Favor Cuide da Mamãe,Kyung-Sook Shin,Júlia Silveira Castoldi
- Por Favor, Cuide da Mamãe
- Author : Kyung-Sook Shin
- Co-Author :
- Translator : FLAVIA ROSSLER
- Publisher : Intrinseca
- Published Year : 2012
- Country : BRAZIL
- Original Title : 엄마를 부탁해
- Original Language : Korean(한국어)
- ISBN : 9788580571325
- 엄마를 부탁해
- Author : Kyung-Sook Shin
- Co-Author :
- Publisher : 창비
- Published Year : 0
- Country : 국가 > SOUTH KOREA
- Original Language : Korean(한국어)
- ISBN : 9788936433673
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